A Microsoft, ao que tudo indica, entrou em definitivo na guerra. Na quarta-feira passada (23), algumas horas antes dos tanques russos começarem a entrar na Ucrânia, alarmes dispararam dentro do Centro de Inteligência de Ameaças da empresa americana.
Eram alertas sobre um malware nunca visto antes que parecia direcionado aos ministérios do governo e instituições financeiras dos Estados Unidos. Conforme traz um artigo do New York Times (NYT), a Microsoft acabou se vendo no meio de um conflito que estava ocorrendo a mais de 8,8 mil km de distância.
Estreita colaboração
Rapidamente, o centro de ameaças da empresa, localizado ao norte de
Seattle, separou o malware – que chamou de “FoxBlade” – e notificou a
principal autoridade de defesa cibernética da Ucrânia.
Em três horas, os sistemas de detecção de vírus da Microsoft foram
atualizados para bloquear o código, que apaga (limpa) dados em
computadores em uma rede.
Em seguida, a Microsoft entrou em contato com a segurança nacional da Casa Branca para tecnologias cibernéticas e emergentes. Anne Neuberger, assessora adjunta de segurança nacional dos EUA, perguntou se a empresa de tecnologia consideraria compartilhar detalhes do código com países bálticos, Polônia e outros países europeus.
O motivo era o medo de que o malware se espalhasse além das fronteiras da Ucrânia, prejudicando a aliança militar ou atingindo bancos da Europa Ocidental. Essa situação tem um significado importante. Após anos de discussões em Washington e nos círculos de tecnologia sobre a necessidade de parcerias público-privadas para combater ataques cibernéticos destrutivos, a guerra na Ucrânia está servindo como um impulsionador.
“Compartilhar o que estamos vendo”
O presidente da Microsoft vê como especialmente importante essa colaboração, que envolve a União Europeia – e nações do continente europeu – o governo dos EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e as Nações Unidas (ONU). Suas impressões foram compartilhadas inclusive no Twitter. Smith diz que “nunca foi tão importante para empresas de tecnologia e agências governamentais compartilhar o que estamos vendo”.
It’s never been more important for technology companies and government agencies to share what we’re seeing. https://t.co/3XzdzZk9UD
— Brad Smith (@BradSmi) March 1, 2022
Conforme traz o NYT, a inteligência está fluindo em muitas direções.
Executivos da empresa (alguns recém-armados com autorizações de
segurança) estão participando de chamadas
seguras para ouvir uma série de briefings organizados pela Agência de
Segurança Nacional e pelo Comando Cibernético dos Estados Unidos.
Participam também dessas ações autoridades britânicas, entre outros. Entretanto, o papel de empresas como Microsoft e Google parece ser essencial, tendo em vista serem os atores que “podem ver” o que está fluindo em suas vastas redes.
Posicionamento da Microsoft
Se depender do posicionamento da Microsoft, o início do texto de
Smith em seu post já define como “trágica, ilegal e injustificada” a
invasão da Ucrânia. No blog, o presidente da Microsoft aponta para
quatro áreas: proteger a Ucrânia de ataques cibernéticos; proteção
contra campanhas de desinformação patrocinadas pelo Estado; apoio à assistência humanitária; e proteção de seus funcionários.
Conforme segue o texto, Smith diz que “uma de nossas principais
responsabilidades globais como empresa é ajudar a defender governos e
países contra ataques cibernéticos”. Nesta linha, segue muito do que foi
citado sobre compartilhamento de informações com as agências de
segurança dos países aliados do Ocidente.
Com relação à proteção contra campanhas de desinformação patrocinadas pelo Estado, Smith cita a guerra cinética, “acompanhada de uma batalha bem orquestrada em andamento no ecossistema da informação, onde a munição é a desinformação, minando a verdade e semeando a discórdia e a desconfiança”.
Neste ponto, está o trabalho da empresa em “reduzir a exposição da propaganda estatal russa, bem como para garantir que nossas próprias plataformas não financiem inadvertidamente essas operações”. Citando a decisão da União Europeia (que inclusive foi compartilhada pela presidente Ursula von der Leyen no Twitter, Smith diz que a plataforma Microsoft Start (incluindo MSN.com) não exibirá nenhum conteúdo das empresas de informação russas RT e Sputnik.
First, we are shutting down the EU airspace for Russian-owned, Russian registered or Russian-controlled aircraft.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 27, 2022
They won’t be able to land in, take off or overfly the territory of the EU.
Including the private jets of oligarchs. pic.twitter.com/o551M9zekQ
“Estamos removendo os aplicativos de notícias RT de nossa loja de aplicativos do Windows e desclassificando ainda mais os resultados de pesquisa desses sites no Bing para que ele retorne apenas links RT e Sputnik quando um usuário claramente pretender navegar para essas páginas”. Smith também diz que os anúncios desses canais estão banidos na rede da Microsoft.
Com relação ao apoio humanitário, o presidente da empresa cita compromissos com entidades como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e várias agências da ONU. Já quanto à proteção aos seus funcionários, são citados os muitos funcionários da empresa que são de origem ucraniana e russa, onde são incluídos “aqueles que precisaram fugir para salvar suas vidas ou segurança” e os funcionários na própria Rússia, “que não iniciaram esta guerra e não devem correr o risco de discriminação dentro ou fora de seu país”.
Fonte:
Vovo GaTu
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