Grandalhão tem a missão de dar novo fôlego aos heróis da DC — e, se possível, ajudar a Warner a se recuperar de momento difícil
Com habilidade de antever o futuro, o Senhor Destino (Pierce Brosnan)
tenta dialogar com Teth Adam, anti-herói imbatível vivido por Dwayne
Johnson e protagonista de Adão Negro (Black Adam,
Estados Unidos, 2022), em cartaz no país. Após 5 000 anos adormecido
sob as ruínas de Kahndaq, cidade fictícia que remete ao antigo Egito,
Teth voltou com pouquíssima disposição para fazer amigos.
Prevendo o cataclismo que pode se desenrolar com um poderoso descontrolado solto por aí, Destino lhe adverte: “Você tem duas opções: ser o destruidor do mundo ou seu salvador”.
A frase, ironicamente, se aplica ao personagem
também fora das telas. Adão Negro chegou aos cinemas com a
missão de salvar — ou, ao menos, dar algum fôlego — o tradicional
estúdio Warner Bros. e, de quebra, melhorar as expectativas sobre os
próximos filmes de heróis da DC Comics.
Adão Negro: A Era das Trevas (DC Deluxe)
Embora englobe a grife detentora dos populares Batman e Superman e
controle marcas vistosas como HBO e Cartoon Network, a Warner vem
enfrentando uma crise sem precedentes. Em abril, a empresa se fundiu com
a Discovery+ e passou a se chamar Warner Bros. Discovery.
Ao assumir a dívida de 50 bilhões de dólares do grupo, o novo CEO, David Zaslav, instaurou uma política de economia draconiana. Projetos foram cancelados, funcionários demitidos e, numa jogada dramática, um filme de 90 milhões de dólares prontinho foi descartado. Batgirl, estrelado por Leslie Grace e com Michael Keaton de volta ao figurino do Batman, entrou na gaveta sem previsão de sair de lá.
Adão Negro: Os Arquivos da Sociedade da Justiça
Fontes da indústria do cinema sustentam que, no corte de custos, a
Warner Bros. se viu fadada a lançar só dois filmes neste ano, adiando as
sequências de Aquaman e Shazam!.
Os escolhidos foram Não Se Preocupe, Querida, drama com Harry Styles que não vingou — e, agora, Adão Negro. Mas, enquanto Dwayne Johnson exibe músculos de sobra, o filme, infelizmente, é fraquinho, fraquinho…
Teth Adam é à prova de balas, fortíssimo e veloz. A falta de
vulnerabilidades físicas o afasta do espectador — afinal, como torcer
para alguém que nunca perde? Salvam-se um pouco as cenas de luta
hipnotizantes, especialmente as que o opõem ao Gavião Negro (Aldis
Hodge), líder da Sociedade da Justiça, grupo que tenta manter o mundo em
ordem. “Foram milhares de pessoas envolvidas.
São cenas que levam meses para filmar”, disse a VEJA o diretor Jaume Collet-Serra. Ele usou o exemplo de união coletiva para lamentar a decisão de cancelamento de Batgirl: “Fico mal por todos os envolvidos”. Haja força para Adão Negro superar o desafio.
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