Tecnologia: Uso de robôs como parceiro sexual ganha força e gera discussões éticas

Em relatório divulgado nesta quarta-feira, grupo de especialistas pede que governos regulem o que pode ou não ser permitido neste novo mercado

Os brinquedos sexuais são usados por séculos, mas a tecnologia está transformando este mercado. Algumas companhias já produzem bonecos, na maioria das vezes femininos, que reproduzem com perfeição o corpo humano.



E com inteligência artificial, eles estão ganhando a capacidade de interagir emocionalmente, o que levanta sérias questões éticas, ao menos é essa a percepção da organização britânica Foundation for Responsible Robotics. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o grupo de especialistas pede que governos se debrucem sobre o tema para regular o que pode ou não ser permitido.

 

— Nós precisamos que os legisladores olhem sobre o assunto e o público em geral para decidir o que é aceitável e permissível — disse Noel Sharkey, um dos autores do relatório, em entrevista à BBC. — Nós precisamos pensar como sociedade o que nós queremos fazer. Eu não sei as respostas, estou apenas colocando as perguntas.

 Shenzhen Atall Intelligent Robot Technology é a empresa chinesa que os vende na China e custa cerca de 2700 euros.
 Shenzhen Atall Intelligent Robot Technology:  Empresa chinesa que os vende robôs para parceiro sexual na China que custa cerca de 2700 euros.

Por valores entre US$ 5 mil e US$ 15 mil, algumas companhias entregam um parceiro sexual robótico sobre medida para os clientes. A aparência é a parte mais customizável, com diferentes opções de cor dos olhos, cabelo, orelha, cor da pele e maquiagem.

O formato do corpo também pode ser definido. Nenhum boneco é capaz de andar, ainda, mas uma companhia apresenta seu produto como sendo capaz de realizar “50 posições sexuais automáticas”. Outra fabricante diz que sua boneca é capaz de simular o orgasmo, com “articulação no pescoço, expressões faciais, olhos que se movem e movimento dos lábios sincronizados com áudio”.

 

Robôs sexuais gerariam discussões sobre se é possível classificar um ato como estupro, por exemplo (Foto: Divulgação)

“As bonecas sexuais têm ‘software avançado de inteligência artificial para comunicação’, e a RealBotix (uma das bonecas) permite a customização da inteligência artificial escolhendo ‘traços e emoções que você considere atraentes’, incluindo níveis altos e baixos de felicidade, timidez e humor”, aponta o relatório. “Roxxxy Gold vem com personalidades pré-programadas incluindo a ‘Frigid Farrah’, que dá a impressão de timidez, e ‘Wild Wendy’, com personalidade extrovertida e aventureira”.

E como os bonecos são fabricados com silicone, é possível criar qualquer formato de corpo, inclusive de crianças. A empresa japonesa Trottla produz bonecas realistas que imitam as feições de meninas. A ideia pode parecer repulsiva, mas existem defensores do uso desses bonecos como terapia sexual para prevenir crimes sexuais, como estupros e pedofilia.

 

Robôs sexuais Harmony, da Realbotix

A ideia é controversa. Enquanto uns defendem, outros sugerem que tal prática apenas serviria de incentivo para os criminosos sexuais. “Tratar pedófilos com robôs sexuais crianças é uma ideia duvidosa e repulsiva. Imagine tratar o racismo deixando um intolerante agredir um robô negro. Isso funcionaria? Provavelmente não”, disse o especialista em ética robótica Patrick Lin, do Instituto Politécnico da Califórnia, citado no relatório.

Alguns estudos estimam que, em 2045, um em cada cinco jovens fará sexo com um robô de forma bem habitual. A conexão entre sexo e tecnologia – conhecida como sextech – será três vezes maior daqui a 20 anos e se multiplicará por sete em 2050; alguns cientistas garantem que, a essa altura, serão mais frequentes as relações sexuais entre humano e tecnologia do que entre pessoas.
Jovens abusando de robô sexual- Foto: Reprodução
Embora pareça ficção científica, a realidade é que, no futuro, além da popularizarão de bonecos ‘humanos’ equipados com Inteligência Artificial (IA), nós também teremos a possibilidade de acariciar a parceira mesmo à distância, imprimir em 3D uma réplica dos órgãos genitais de outro ser humano, coordenar seus movimentos por um aplicativo móvel ou usar tecnologias que nos façam sentir o orgasmo de várias pessoas simultaneamente.


Os androides sexuais em formato de crianças também levantam questões legais. Em 2013, uma das bonecas da Trottla foi interceptada num aeroporto canadense, e o homem que fez a encomenda foi preso, sob acusação de posse de material de pornografia infantil. Ele também enfrenta duas acusações sob a Lei Federal Alfandegária por traficar e possuir bens proibidos.

 

Outra questão sensível é o estupro. A boneca Roxxy Gold, que tem a personalidade Frigid Farah, é descrita pela fabricante como “não receptiva” a toques em “áreas privadas”. “Isso sugere sinais de não consentimento”, aponta o relatório. “Qualquer pessoa que se envolva em atividade sexual com um robô que sinaliza não consentimento pratica um ato de estupro robótico”.

Douglas Hines, o criador da boneca Roxxy Gold, ao lado de sua invenção

Sian Norris escreveu sobre o assunto para o New Statesman.
“A ideia de que permitir que os homens “estuprem” robôs façam que as taxa de violência sexual diminuam é falha. Configurações como essa em robôs do sexo erotizam a falta de consentimento e normalizam estupros. Isso envia uma mensagem ao usuário que é sexualmente normal não aceitar a negativa de uma mulher para o sexo”, diz Sian.


Roxxxy alterna entre suas personalidades (que incluem “Wild Wendy”, ou “Wendy Selvagem”, e “S & M Susan”, ou “Susan sadomasoquista”). Assim, ela reclama se a pessoa com quem ela está “saindo” tenta ir rápido demais e “poderia ajudar a entender como ter contatos íntimos com parceiros”.

A ideia de que reproduzir esse tipo de interação com um robô pode fazer do mundo um lugar menos violento para as mulheres, seja por supostamente educar os parceiros, seja porque isso ajudaria possíveis estupradores a aliviar seus desejos, não foi bem aceita.


Os autores do relatório não chegam a uma conclusão, mas sugerem que usar robôs para prevenir crimes não seja uma boa ideia. Por um lado, defensores afirmam que potenciais criminosos possam satisfazer seus fetiches sem vitimar humanos, mas muitos alegam que seria uma indulgência que encorajaria e reforçaria práticas sexuais ilícitas.

 

“Isso pode funcionar para alguns, mas é um caminho muito perigoso”, aponta o relatório. “Pode ser que a permissão para as pessoas viverem suas mais pesadas fantasias com robôs sexuais tenham um efeito pernicioso na sociedade e nas normas sociais, criando mais riscos para os vulneráveis”.


Os especialistas levantam outras questões polêmicas sobre o futuro que estamos trilhando. Seria aceitável, por exemplo, que bordéis fossem abertos com robôs? No filme “Inteligência Artificial”, os personagens Gigolo Jow, interpretado por Jude Law, e Gigolo Jane, por Ashley Scott, são robôs que atuam na prostituição.

 

No Japão existe um serviço que aluga bonecas sexuais, como um serviço de acompanhantes. Em Barcelona, na Espanha, foi aberto este ano o LumiDoll, algo como um prostíbulo com bonecas, que cobra 100 euros por hora para que os clientes “realizem suas fantasias sem qualquer limite”.

Cenas do filme Ex-Machina com a robô sexy principal chamada de Hatsune Miku

Cenas do filme Ex-Machina com a robô sexy principal chamada de Hatsune Miku

Kathleen Richardson, especialista em ética robótica na Universidade de Montfort, no Reino Unido, acredita que os robôs sexuais, inevitavelmente, vão “aumentar o isolamento social”. Ela destacou a questão de gênero do mercado, voltado majoritariamente para o público masculino e às “ideias masculinas de sexualidade”. Sharkey, um dos autores do relatório, lembrou sobre o descompasso entre o que é oferecido pelas companhias e a realidade.

 

— Os fabricantes de robôs sexuais querem criar uma experiência mais próxima possível de um encontro sexual humano — disse. — Mas os robôs não podem sentir amor, carinho ou formar laços emocionais. O máximo que podem fazer é fingir.

Fonte:
Vovo GaTu


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