Entenda o termo e conheça os principais canais, além de saber como é o mercado no Brasil
Uma nova onda de celebridades virtuais está em ascensão na internet. Os criadores de conteúdo jogam, conversam com o público, fazem entrevistas e gravam covers, tudo isso sem mostrar o rosto.
Quem fica “famoso”, neste caso, é o avatar escolhido pela pessoa, e é por isso que levam o nome de virtual youtubers — ou Vtubers. Visual de anime é comumente utilizado, dando vida a personagens 2D e 3D que possuem orelhas de animais, chifres e outras características fantasiosas.
Interpretando um papel ou apenas adotando a figura virtual para não expor a própria imagem, as Vtubers conquistaram um grande espaço no entretenimento e estão movimentando milhões. Levando em conta só a função de Super Chat do YouTube, as cinco contas mais rentáveis já receberam quase R$ 40 milhões, isso sem contar em pagamentos recorrentes para se tornar membro do canal e outros tipos de compra de produtos ligados às celebridades.
Para saber mais sobre as origens do termo e sobre youtubers virtuais num geral, além de descobrir o que é esse tal de Hololive, confira o texto abaixo, que também conta com os maiores canais e um papo com a Mashiron, uma Vtuber brasileira. Vamos lá?
Kizuna A.I.
Antes dos Vtubers, já existiam idols virtuais e até mesmo alguns canais com vlogs protagonizados por personagens de computação gráfica, mas este tipo de conteúdo nos moldes que vemos hoje começou com Kizuna A.I., que abriu o canal A.I. Channel no YouTube no final de 2016.
Cunhando o termo de youtuber virtual, a personagem foi apresentada como uma inteligência artificial independente com o objetivo de entender melhor os humanos através do canal.
Os primeiros vídeos contam com legendas em vários idiomas, incluindo português. O segundo vídeo mostra a personagem com dificuldades ao tentar criar uma conta no Twitter, e dá um tom mais “gente como a gente” para ela.
Em pouco menos de 2 minutos, a personagem reage ao fato de não conseguir criar uma conta no Twitter porque todos os nomes de usuário que pensa já estão sendo utilizados. É interessante observar tanto a sincronização da boca com a fala quanto as mudanças de expressão, que, embora esteja estilizado com visual de anime, são bastante críveis.
O canal ganhou destaque mundialmente por conta da comunidade, que se empenhou para criar legendas em diversos idiomas. Como Ai fala apenas japonês, sua comunidade de fãs encarregou-se de legendar os vídeos, e o alcance da personagem cresceu mundialmente por conta disso. Em 2021, os vídeos estão sendo publicados já com legendas em inglês e japonês.
A popularidade do canal da Ai foi aumentando com o tempo, e bateu a marca de 2 milhões de seguidores em 2018. A personagem também possui um canal separado para publicar vídeos de gameplay, chamado A.I. Games, que conta com mais de 1,5 milhão de inscritos.
Ai tornou-se uma celebridade e chegou até mesmo a ter um programa na
televisão japonesa, além de estrelar comerciais e de ser embaixadora de
uma das campanhas da Organização Nacional de Turismo do Japão.
Apesar de tudo isso, a identidade dos produtores responsáveis por este enorme sucesso não foi revelada. A equipe de produção, como animadores, editores de vídeo e jogadores permanece anônima. A única informação que foi divulgada é a de que a atriz Nozomi Kasuga é a voz original da personagem.
Como era de se esperar, outros Vtubers começaram a surgir inspirados pela história de sucesso de Ai, e foi então um dos nomes mais proeminentes no cenário atual de influenciadores virtuais surgiu: a Hololive.
O que é Hololive?
Atualmente conhecida como Hololive Production e com setores para gerenciar Vtubers em diversos idiomas, a empresa nasceu como Cover, dedicada a criar jogos em realidade virtual. Em 2017, a Cover fez uma demonstração técnica de seu novo software de captura de movimentos, com animações em tempo real e interativas.
Motoaki “Yagoo” Tanigo, CEO da Cover Corp, falou sobre o surgimento do interesse na área de idols virtuais, citando Hatsune Miku como uma das inspirações:
Hololive usa tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual em suas atividades, com o objetivo de criar conteúdo revolucionário. Anteriormente, trabalhei com a Sanrio no desenvolvimento de alguns de seus personagens, e senti que poderíamos utilizar os avanços tecnológicos tanto da RV quanto da RA para desenvolver personagens virtuais, como Hatsune Miku que ficou muito popular nos últimos anos. Claro, o termo “youtuber virtual” não existia. Começamos a usar os dispositivos de RV para criar conteúdo em plataformas diferentes, incluindo YouTube e Nico Nico Douga.
Hatsuke Miku é uma idol virtual, ou seja, uma cantora virtual. Seus shows contam com banda ao vivo e plateia, e a personagem se apresenta em forma de holograma. O vídeo abaixo mostra uma das músicas do show da idol:
Vale dizer que atualmente o Nico Nico Douga é conhecido apenas como Niconico, sendo uma das plataformas de vídeo mais utilizadas no Japão, com espaço para publicação de vídeos e até mesmo para transmissões ao vivo.
Voltando ao Hololive, ainda em 2017 a empresa começou a divulgar a Vtuber Tokino Sora, cujo nome pode ser traduzido livremente como Céu do Tempo. Primeiramente apresentando-a através de plataformas como LINE, não demorou muito para que Sora-chan tivesse seu próprio canal do YouTube. Junto com a estreia do canal, a Cover anunciou que estavam recrutando alguém que pudesse assumir a identidade de sua segunda personagem, Roboco.
Nos últimos anos, a empresa expandiu seu elenco de celebridades virtuais e atualmente está em sua quinta geração no Japão, mas ainda conta com subdivisões específicas para produção musical (INoNaKa Music), além de uma para personagens masculinos, chamada de HoloStars, que está em sua terceira geração.
Na expansão para outros países, a Hololive Production passou a agenciar youtubers que falam inglês (Hololive EN) e indonésio (Hololive ID). Há duas contas criadas para divisões na Índia e Coreia do Sul, mas nenhum anúncio mais concreto foi feito até o momento de publicação desta matéria. Anteriormente, havia uma divisão chinesa com seis Vtubers, mas ela foi dissolvida.
Colocando em números, são 28 Vtubers sob o selo japonês, 4 sob o selo Hololive Gamers, 6 da Indonésia, 5 da versão em inglês e 9 do selo masculino HoloStars, totalizando 52 personagens, sem contar os que já deixaram a agência.
Os conteúdos produzidos por toda essa galera são bem variados, com vídeos musicais, transmissões em dupla, vídeos de gameplay e até mesmo entrevistas, como é o caso do Vtuber Roberu, que entrevistou Yuuki Ono, um ator que faz a voz original de diversos personagens de anime, como Josuke em JoJo’s Bizarre Adventure, e Kagami em Kuroko no Basket.
Yuuki Ono, usando um avatar (esq.) durante entrevista com Vtuber Roberu |
O Hololive é responsável pelos canais mais populares de youtubers virtuais, aparecendo em oito posições dos dez canais de Vtubers com mais inscritos. Kizuna A.I. ainda aparece em primeiro na lista, seguida de perto pela novata Gawr Gura, da divisão em inglês do Hololive.
Top 5 canais de Vtubers
- A.I. Channel — Kizuna A.I.: criado em outubro de 2016, conta com 2,9 milhões de inscritos;
- Gawr Gura (Hololive EN): criado em julho de 2020, conta com 2,3 milhões de inscritos;
- A.I. Games — Kizuna A.I.: criado em março de 2017, conta com 1,5 milhão de inscritos;
- Korone (Hololive Gamers): criado em março de 2019, conta com 1,3 milhão de inscritos;
- Pekora (Hololive JP): criado em julho de 2019, conta com 1,3 milhão de inscritos.
Vtubers brasileiras
Embora não tenha a mesma força vista nos países do exterior, o
cenário de Vtubers no Brasil está em ascensão. Por aqui, é mais comum
encontrar os produtores de conteúdo virtuais fazendo transmissões ao
vivo na Twitch, e usando ativamente as redes sociais.
Este é o caso da Vtuber (e Vstreamer) Mashiron, que costuma fazer lives de ilustração e conversando com o público na plataforma. Começando em abril de 2020 e atualmente com mais de 8 mil seguidores, Mashiron conta que sua principal inspiração no início foi a Watame, uma das Vtubers do Hololive JP:
“Eu comecei [a acompanhar Vtubers] com a Kizuna A.I., ela é muito engraçada e alguns vídeos dela já eram legendados em inglês e uns poucos em português! Mas depois que conheci a Hololive mergulhei de vez [risos]. Eu via bastante a Coco e a Watame no começo, considero a Watame minha principal inspiração.”
Ela também revela que a decisão de usar a Twitch no lugar do YouTube foi influenciada por fatores como monetização mais vantajosa e ferramentas que favorecem a criação de comunidade, como as raids — evento em que um streamer encerra sua live mandando todo seu público para o canal de outra pessoa.
“Por ter uma estrutura focada em lives, a experiência tende a ser melhor para ambos os lados”, comenta Mashiron, que fica feliz em compartilhar seu público com outros produtores de conteúdo. “É muito legal a sensação de ajudar alguém com o seu trabalho”, completa.
Captura de tela de uma das streams de conversa da Mashiron |
A motivação para adotar um avatar virtual e se tornar Mashiron foi das mais nobres. “Eu não tenho mais meus pais, sou só eu e o meu irmão que é especial. Eu precisava de um jeito de ganhar dinheiro em casa para não passar minha vida inteira dependendo das pessoas ao meu redor. As lives são pra mim uma saída de uma situação que estava me destruindo.”
“Sempre fui muito fã do conteúdo de Vtubers no geral há uns bons anos. Sempre me brilhou os olhos ao assistir… Então uni o muito útil ao muito agradável!”
Justamente por gostar desse tipo de conteúdo, Mashiron optou por fazer suas transmissões usando o avatar virtual, mas sem interpretar uma personalidade diferente ou algo do tipo. “Na verdade é a melhor versão de mim, não mostrar o rosto dá uma coragem e me faz agir de forma mais solta”, conta.
Como se tornar Vtuber?
Caso você queira começar a fazer lives como um Vtuber ou Vstreamer, é importante saber que há um investimento inicial a ser feito.
Para começar a usar um avatar virtual, é necessário ter o avatar — um modelo 3D ou ilustrações para aplicar em um modelo, o que pode ser feito através de programas como o FaceRig e sua extensão para 2D. Caso design não seja seu forte, também é possível contratar artistas para ajudar com o visual ou diretamente com o modelo.
Com o avatar pronto, você precisará de um software que faça a leitura de suas expressões faciais e outros movimentos e os replique no modelo virtual. Além do FaceRig, citado anteriormente, há programas como o VTube Studio e o Luppet.
Outros pontos a levar em consideração envolvem uma webcam de qualidade, para que a captura do rosto seja mais precisa, e um computador que suporte fazer streams.
Com a popularização dos Vtubers, o que não falta é conteúdo para consumir, seja em vídeos editados, compilados de melhores momentos, lives de gameplay ou até mesmo transmissões ao vivo só para bater papo. Assim como outros criadores de conteúdo, é uma questão de encontrar algo que seja do seu gosto pessoal, e entrar neste mundo de possibilidades.
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